segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Cerca de 60 tartarugas marinhas são mortas por mês no interior do Ceará

A praia de Almofala, localizada no Município de Itarema, distante 190 quilômetros de Fortaleza, é considerada uma área de encontro para tartarugas marinhas do mundo inteiro. Segundo o coordenador regional do Projeto Tamar Ceará, Eduardo Lima, é esta a região que elas escolhem para o desenvolvimento, descanso e alimentação. “A maioria desses animais pertencem a populações de áreas de desovas distantes, como Suriname, Venezuela, Nicarágua e  África. Todas as espécies de tartarugas marinhas ocorrem na costa cearense”, informou.
Porém, o que deveria ser um acontecimento de grande alegria, é uma realidade que provoca tristeza, já que esta mesma área que abriga tartarugas do mundo todo também é a área que mais agride e mata estes animais. De acordo com Eduardo Lima, cerca de 60 tartarugas são mortas por mês, só na região de Almofala.
Eduardo afirma que a realidade de alguns anos atrás já foi muito pior. “Quando chegamos aqui o número de tartarugas era bem menor. Agora, com a reprodução, o número delas está aumentando. Hoje, algumas espécies têm 20 vezes mais tartarugas do que quando chegamos”.
Pesca predatória e acidental
O coordenador do Tamar diz que o maior problema da preservação destes animais está ligada a pesca predatória e acidental. Ele explica que quando a pesca é para alimentação da própria família do pescador, não há problema nenhum.
O problema é quando o pescador passa a comercializar esta carne. “Em algumas comunidades a cultura de matar tartarugas para a comercialização dela ainda persiste. A carne é muito cara, varia entre R$ 28 e R$ 32 o quilo. Quando eles passam a vender este animal para atravessadores, eles passam a pescar em grande volume e o principal, pescam animais adultos, que estão aptos a se reproduzirem. A consequência é a que estamos vivendo hoje, a diminuição da população marinha. E quem lucra com a matança toda é o atravessador, que vende a carne da tartaruga para pessoas que tem dinheiro”, disse.
Já a pesca acidental das tartarugas está ligada a arte de pesca. “Ao tentarem pescar lagostas, camarões e peixes utilizando rede de caçoeira ou a técnica do curral de pesca, as tartarugas marinhas acabam ficando presas e morrendo”. Eduardo informa que estas técnicas prejudicam o trabalho de preservação de algumas espécies marinhas.
 
Mudando a realidade

Foi por esta condição que uma regional do projeto Tamar foi instalada há 21 anos na praia de Almofala, a única no Estado. No total, a base monitora 40 quilômetros de praias, além de locais de desembarque, venda de peixes e mercados públicos.
O projeto desenvolve um trabalho de educação ambiental e de sensibilização da população quanto a preservação das tartarugas. Entre os projetos está o programa Tamar na escola, o Cine Tamar, brigada ecológica, além do apoio a manifestações culturais com mulheres e filhos dos pescadores.
O Tamar é aberto para visitação e conta com museu e lojinhas. O museu fica aberto de segunda à sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h. “Queremos mostrar através destas iniciativas que as tartarugas são de grande importância para a fauna do país”, disse Eduardo.
Com o trabalho de conscientização, o projeto Tamar do Ceará já consegue salvar entre 500 a 600 tartarugas por ano. “Esse número corresponde as tartarugas que são devolvidas através de conscientização, mas apenas nesta região do litoral”, disse.
Período mais vulnerável
Segundo o coordenador, durante os meses de maio e junho, setembro e outubro são os que mais as tartarugas sofrem. “Neste período elas estão se movimentando entre as áreas de alimentação e desova. Como ficam na costa, se tornam mais vulneráveis para a ação dos pescadores, já que o período coincide com o dos pescadores”, informou.
Tartarugas no litoral
Eduardo recomenda que se alguém encontrar, no litoral, uma tartaruga morta ou encalhada, o primeiro passo é observar se ela possui anilhas, uma marca de metal com o nome da espécie e endereço. “Se o animal estiver morto é recomendado que a pessoa retire a anilha, enterre o animal e entre em contato com a base do Projeto Tamar (88) 3667.2020 ou pelo e-mail tamarce@tamar.org.br. Se a tartaruga estiver viva é indicado levá-la para a sombra e entrar em contato ou com o Corpo de Bombeiros da região, ou com o Ibama ou com o Projeto Tamar.
O coordenador da base Tamar do Ceará afirma que, como o projeto não cobre todo o litoral,  nem sempre eles conseguem fazer a captura de uma tartaruga quando ela está encalhada em uma praia distante da base. “Por causa da distância muitas vezes chegamos lá e ela já está morta, outras vezes morre durante o transporte”, informou.

Fonte: Portal Jangadeiro Online

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