No limiar de um novo ano letivo que se inicia na rede municipal, nos
deparamos com pequenos e velhos problemas que já fazem parte da rotina
de educadores, educadoras e trabalhadores de educação: o velho e
estressante remanejamento de turmas, escolas , professores e alunos.
Remanejamento esse que volta a atormentar os nossos educadores como se
fosse aquele velho fantasma que cisma em infernizar a vida daqueles que
embora vivos, sabem que tem como sina o enfrentamento com o além da
incerteza da desconsideração, e principalmente da falta de vontade de
reconhecer o educador como uma célula importante no corpo da construção
de uma nova cidade, de um novo país, de um novo mundo. E para não ser
diferente do que tem sido há vários anos, conseguimos novamente alcançar
picos de estress nunca antes alcançados.
Em primeiro lugar tivemos um processo
de lotação que conseguiria tirar do sério e da passividade até o mais
doutrinado monge budista do Tibet, numa situação em que professores
demonstravam a toda a sociedade, infelizmente não a que necessita de
escola pública, como são tratados os nossos profissionais, e aqui não me
refiro àqueles que ali trabalhavam tentando contornar a situação, visto
que muitas vezes nem eles mesmos conseguiam saber o que fazer, já que
tinham que iniciar o seu trabalho, com um fila quilométrica que
contornava o NAP e fazia relembrar as velhas sessões do filme dos
trapalhões no Cine São Luiz; em segundo, o presente de grego oferecido
com carinho aos que tiveram os seus salários bloqueados, embora
estivessem afastados legalmente pela outra gestão para cumprir estudos e
ou trabalharem em outros locais e pra finalizar a surpresa daqueles que
trabalhavam a noite e seriam logo em seguida, contemplados com o
afastamento das suas escolas de origem, dos seus cargos e de suas
comunidades.
No momento em que poder público ostenta a o seu despreparo para gerir
a segurança pública de nossa cidade, nós, professores e os alunos do
município fomos surpreendidos por estratégia elaborada pela Secretaria
Municipal de Educação, com a criação de núcleos pra que todos aqueles
que ali residissem ou trabalhassem na periferia das comunidades tivessem
que se encaminhar pra um Escola Núcleo.
Não queremos aqui exaltar o monstro da iguinorância ou da fraqueza,
inerentes aqueles que são opositores e radicais com relação às mudanças,
mas sim apontar as dificuldades que pais, professores e alunos estão
enfrentando no momento em que precisam se deslocar da proximidade de
suas casas para enfrentar os “perigos da esquina” como dizia Belchior,
em sua canção falando da violência que já naquela época enfrentava o
nosso país e que faz a nossa cidade ficar nesse momento, no vergonhoso
13º lugar quando o assunto é insegurança no mundo todo.
Numa cidade, em que o poder público deixa de cumprir o seu papel,
presenteia-se com um cheque assinado e em branco, aqueles que pertencem a
o mundo do crime e que farão como autoridades, a seleção daqueles que
podem ou não trafegar em suas ruas e becos, dificultando a vida do jovem
ou do trabalhador que muitas vezes, fazendo a opção pela vida, desanima
ao perceber que ao se dirigir a escola e ao enfrentar uma comunidade
que lhe é estranha se torna um alvo vulnerável àqueles que hoje estão a
serviço do mal.
O papel da escola pública é o de servir e se tornar um veículo de
parceria para a comunidade a que se destina e não um sonho inatingível
embora se encontre a alguns quilômetros de distância da casa daqueles
que mesmo tragados pelo infortúnio da vida tentam desfazer uma realidade
e uma situação que muitas vezes lhes é apresentada.
Fonte: Apeoc
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