quinta-feira, 17 de março de 2011

Após o nível das águas do Rio Acaraú baixar, moradores afetados pela inundação, em Acaraú, deixam o abrigo

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Francisco Apoliano Alves, que mora no Bairro Camboa, prefere enfrentar as cheias do rio a ter que ir para o abrigo
FOTO: WILSON GOMES


Acaraú. As 38 pessoas provenientes de dez famílias que estavam morando provisoriamente em um abrigo, por conta de terem sido afetadas pelas cheias do Rio Acaraú este ano, já estão retornando para suas casas. A informação foi dada pelo coordenador da Defesa Civil no Município, Marcos Borges. Ele adiantou que a decisão de voltar para casa partiu das próprias famílias, que viram o nível das águas baixarem e acreditam não correrem mais risco.

As famílias são todas do Bairro Camboa que, juntamente, com moradores dos Bairros Perseguida e Mucunã, sofrem quando o nível do rio atinge a cota máxima. "São mais de quatro mil pessoas, num total de 800 famílias, que no período do inverno são obrigadas a deixarem suas casas, por conta das cheias", disse Marcos Borges.

"Gostaria que a Prefeitura cumprisse com o que foi prometido e retirasse a gente dali, não dá mais para viver nessa situação", disse a dona de casa, Francisca Neide de Oliveira - que estava no abrigo juntamente com seus oito filhos e o marido -, se referindo às casas que a Prefeitura prometeu construir e doar para as pessoas que moram em área de risco no Município.

Novas casas
As residências, segundo a secretária do Trabalho, Ação Social e Empreendedorismo, Irene Barbosa Vaz Mota, estão em fase de conclusão. "As casas, num total de 105, estão sendo construídas no Bairro Campo da Viação e, entre os meses de abril e maio, serão entregues às famílias que foram selecionadas", garantiu a secretária Irene Barbosa. As moradias estão sendo construídas com recurso federal, adquirido por conta da situação de 2009, onde centenas de famílias foram afetadas pelas cheias do Rio Acaraú.

A dona de casa, Maria Viviane da Conceição, tinha outra preocupação. Em 2009, por conta das chuvas, viu sua casa ser completamente destruída e, atualmente, mora em casa alugada. Não sabe se vai poder permanecer no abrigo ou vai ter que procurar outra casa para morar. "Para lá eu não quero mais voltar. Temo que as cheias voltem", disse Viviane, que recebeu a promessa do coordenador da Defesa Civil, em ser beneficiada com o aluguel social.

As famílias, que até ontem permaneciam num abrigo pertencente à Diocese de Sobral, estavam recebendo assistência por parte da Prefeitura e da Defesa Civil do Estado. Desde o dia em que foram removidas, no começo do mês, estavam recebendo água potável e alimento. "Enviamos para aquela comunidade 200 cestas básicas. E já houve um pedido de nova remessa. Estou em Fortaleza, exatamente tratando desse assunto", disse o capitão do Corpo de Bombeiros de Sobral, Roberto Moraes, que coordena a Defesa Civil na Zona Norte.

Cestas básicas
As cestas básicas destinadas aos desabrigados, segundo Marcos Borges, é suficiente para alimentar uma família de cinco pessoas por um período de 15 dias. Maria da Conceição Oliveira, beneficiada com o auxílio, informou que, apesar da economia, durou apenas 10 dias. Ela mora com o marido e dois filhos menores de idade. "Aqui na minha casa uma cesta dessas que recebi durou apenas dez dias".

Mas nem todas as famílias que moram no Bairro Camboa afetadas por conta do inverno quiseram ser removidas. O pescador Francisco Apoliano Alves preferiu ficar em casa, mesmo correndo o risco da sua moradia ficar inundada. "Aqui eu protejo o que é meu. Nos abrigos há sempre confusão. Lá tem gente que não consegue viver com outras pessoas por perto", disse Francisco Apoliano.

Segundo Marcos Borges, ele não é único que demonstra resistência. "Tem muita gente aqui que precisa ser retirada e só deixa a casa quando a situação já está fora do controle. E mesmo com a garantia de nova moradia, eles preferem permanecer morando à margem do rio, pela facilidade na hora de ir à pescaria", concluiu Borges.
                Fonte Diário do nordeste

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