quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pescadores de Lagosta anunciam paralisação da captura

Em 2011, de janeiro a outubro,os pescadores artesanais 
exportaram  1.415 toneladas de lagosta. Neste ano, foram 
apenas 770 toneladas
Cerca de 100 pescadores artesanais de lagosta de 20 comunidades do litoral cearense se reuniram na Praia do Mucuripe, ontem, para reivindicar que o governo federal se posicione quanto à brusca diminuição na quantidade de lagosta pescada nos últimos anos. Eles declararam a paralisação da pesca artesanal do crustáceo, enquanto não seja tomada alguma medida a respeito.
No último dia 30, a Articulação de Pescadores e Pescadoras do Litoral do Ceará contra a Pesca Ilegal da Lagosta encaminhou um ofício à presidente Dilma Rousseff pedindo uma moratória da pesca da lagosta até 2014 e, ontem, esse documento foi entregue à superintendência de Pesca do Estado do Ceará e ao Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam).
Segundo o diretor do Movimento Nacional dos Pescadores e da Reserva da Prainha do Canto Verde, José Alberto Lima Ribeiro, a lagosta vive a pior crise da história. "Se o governo não tomar uma medida ousada, vai ser difícil continuar com a pesca no Estado", afirma.
De acordo com o coordenador técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama), Rolfran Ribeiro, a quantidade de lagosta pescada, neste ano, corresponde à metade da capturada em 2011. "No ano passado, de janeiro a outubro, exportamos 1.415 toneladas de lagosta. Neste ano, no mesmo período, só pescamos 770 toneladas", cita.
Se compararmos os números dos últimos 20 anos, a diferença é ainda mais acentuada. Em 1991, foram 7.863 toneladas de lagosta pescadas. Quase dez vezes menos que em 2012.
A grande vilã dessa história, de acordo com o presidente da Associação Monsenhor Diomeddes, Kamundo Braga, que atua em defesa de todos os tipos de pescaria artesanal, é a pesca predatória. "No Ceará, 80% da lagosta é pescada de forma predatória, com o uso do compressor, e em outros estados, como o Rio Grande do Norte, esse número cresce para 99%. Isso faz com que o estoque caia, porque não existe seleção, como acontece com o manzuá", explica.

Família

Para sobreviver, os pescadores artesanais de lagosta estão recorrendo a outros tipos de atividades. "Não tem mais lagosta, a gente só pesca uma vez na semana, só mesmo para receber o seguro defeso. Para sustentar minha família, uso o bolsa família para pagar água e luz, pesco o peixe para o nosso sustento, e o que sobra a gente compra comida. E a gente vai sobrevivendo do jeito que Deus quer", diz o pescador José Maria da Silva, de 44 anos, 30 deles dedicados à pesca na Praia de Redonda.
Conforme o coordenador técnico do Ibama, Rolfran Ribeiro, a equipe de fiscalização ainda é insuficiente para atender à demanda. "Temos só um barco para atender os 573 quilômetros de costa do Ceará, com cinco fiscais, quatro policiais do Comando de Polícia do Meio Ambiente e três tripulantes que passam de dez a 15 dias no mar. Além destes, temos outros dez fiscais que vistoriam as indústrias, frigoríficos e hotéis", diz. Ele anuncia a aquisição de mais três barcos até o próximo ano.
Porém, Rolfran Ribeiro chama a atenção para o empenho dos pescadores na fiscalização. Em 2012, o Ibama apreendeu 22 mil metros de rede caçoeiras, 1.100kg de lagosta, cinco compressores e 12 barcos de pesca e autuou 60 armadores de pesca.
Ele ressalta a falta de investimentos na fiscalização. "Todos os anos, o governo federal investe R$ 35 milhões no pagamento do seguro defeso, enquanto gasta somente R$ 400 mil ou R$ 500 mil com a fiscalização".


fonte: diario do Nordeste Online

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