Em meio a divergências, a lei que regulamenta a vaquejada como
prática desportiva e cultural no Ceará foi sancionada pelo governador em
exercício, Domingos Filho (PMDB), no dia 8 de janeiro, e publicada no
Diário Oficial do Estado (DOE) na última terça-feira. De um lado,
ativistas defensores dos animais se dizem contrários à nova legislação. A
presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) no
Ceará, Geuza Leitão, que chegou a considerar a lei como “verdadeiro
absurdo e falta de vergonha”, destaca que os bois utilizados nas
vaquejadas sofrem maus tratos. “Todo mundo sabe que, quase sempre, ao
final da competição, esses animais estão sem o rabo e até sangrando”,
aponta.
Para ela, a crueldade da prática é referendada
pela própria lei, ao definir a vaquejada como evento de natureza
competitiva, cujo objetivo é perseguir e dominar o animal.
Além
disso, Geuza diz estranhar o “tempo recorde” em que a lei foi aprovada
na Assembleia Legislativa. “O processo de tramitação na Casa durou menos
de um mês. O deputado apresentou o projeto no dia 22 de novembro e, no
dia 20 de dezembro, menos de um mês depois, a lei já estava sendo
aprovada em quatro comissões técnicas e no plenário”, frisa a
presidente, salientando que vai entrar com ação direta de
inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Olhar para a cultura
Autor
da lei, o deputado estadual Welington Landim (PSB) explicou, ao ser
questionado se a prática pode gerar maus tratos nos bois, que a nova
legislação tem o propósito de fazer com que as pistas “tenham as
condições necessárias para que o gado e o vaqueiro sofram menos”.
Ele
disse, ainda, que não existe esporte mais popular que a vaquejada no
Nordeste. “Não há como retroceder, porque é a nossa cultura”, pondera.
O
principal argumento utilizado pela União Internacional Protetora dos
Animais na ação do STF será o artigo 225 da Constituição Brasileira, que
proíbe qualquer prática que submeta os animais à crueldade.
Fonte: O Povo Online
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