segunda-feira, 13 de junho de 2011

CEARÁ: Intervenções no litoral de Acaraú




O Ceará tem no seu litoral, constituído por 575 quilômetros de faixa atlântica, uma fonte de geração de riquezas representadas pela exploração dos recursos piscosos, outrora abundantes, atualmente nem tanto, por conta da pesca predatória e dos excessos de captura. A queda vertiginosa na produção da lagosta e do pargo - principais itens comerciais das áreas banhadas pelo Oceano Atlântico - comprova os fatores de sua decadência paulatina.

Paralelamente, há também os estragos promovidos pelo avanço do mar sobre a costa atlântica, destruindo praias, moradias, restaurantes, escolas e áreas de lazer. Estudo realizado pelo Laboratório de Ciências do Mar (Labomar) evidencia esse fenômeno ambiental: na última década, o mar vem avançando, em média, 10 metros por ano nas praias cearenses. Deter essa tendência destruidora é tarefa de responsabilidade do poder público e de colaboração da iniciativa privada beneficiada diretamente com a riqueza marítima.

Poucas vezes, a comunidade científica tem sido convocada para debater, em profundidade, os estragos promovidos pela natureza num dos segmentos em que o Ceará ainda conta com áreas inexploradas, dispondo de potencial econômico e turístico de relativa significação. Desta vez, o pretexto foi a comemoração do Dia do Geólogo, pela Assembleia Legislativa, reunindo cientistas, professores, especialistas e representantes do poder público na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido.


A exposição promovida pelo Labomar, nesse evento, valeu pelas inúmeras contribuições oferecidas por seus técnicos, a primeira delas, a mais preocupante, alertando para o risco de desaparecimento de quilômetros de praias, se não forem realizadas intervenções estruturais com a urgência requerida pelo risco iminente. Essa advertência se fundamenta em pesquisas contínuas promovidas sobre a vasta faixa de praias.

O laboratório universitário de pesquisa tanto identifica os problemas como aponta soluções para equacioná-los. Um mapeamento arrola como os trechos mais afetados as praias da Barreira, em Icapuí; Caponga, em Cascavel; Icaraí, em Caucaia e do Morgado, em Acaraú. O prognóstico do estudo é preocupante: "Se não forem realizadas intervenções, essas praias certamente irão sumir nos próximos 10 anos." Em 15 outras, as providências adotadas começam a produzir efeitos, como a engorda da praia de Iracema.

A erosão das praias resulta de várias causas, sendo 10% provocados por fatores naturais e 90% por ações humanas. O avanço do mar tem correlação com a construção de barragens, represas, açudes e a ocupação desregulada do litoral. O custo para sua reversão varia em torno de R$ 1 milhão para cada 100 metros, podendo ser utilizados métodos como a engorda artificial do litoral, a construção de espigões, bacias portuárias e o ordenamento da ocupação das Praias.

A viabilidade das soluções encontra-se visível no Icaraí, onde, em 1.370 metros de praia afetada foi utilizada uma técnica simples: o "barramar", de baixo custo e pouco tempo de construção. Para expandi-la, basta a decisão de aplicá-la.



Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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